A Raça Bonsmara


Prof. Jan Bonsma

Na conjuntura da indústria pecuária não é fácil ser um pecuarista bem sucedido. Um produtor deve criar animais que sejam adaptados, férteis, funcionalmente eficientes e hábeis conversores de alimentos, para que o rebanho ofereça produtos finais valiosos para o homem. Em outras palavras, todo e qualquer conceito referente à pecuária tem que ser medido em termos de sua eficiência.

Foi exatamente o que tentei fazer durante os meus 50 anos de pesquisa. Não seria possível que eu abordasse a questão da pecuária sem conduzir pesquisas, que nada mais são do que esforços sérios, objetivos, persistentes, inteligentes e direcionados à aquisição de conhecimentos acerca de um assunto específico. O espírito da pesquisa é a devoção à verdade e uma insistente necessidade de alcançar uma melhor compreensão.

Esta é a minha história. Ela fornece evidências para substanciar uma reivindicação especial. Nenhuma outra raça de gado sintético de corte teve a sua criação orientada por tantas pesquisas quanto a raça Bonsmara. O objetivo da pesquisa e reflexão sempre foi o animal por inteiro, com todo o seu potencial genético interagindo com todo o seu meio ambiente.

O nome da raça foi em homenagem ao Professor Bonsma e à Estação Experimental de Mara, então, Bonsmara.

Em 1963, formaram a Associação Sul-africana de Criadores de Bonsmara.


Origem da Raça Bonsmara

Em 1937, o Governo da África do Sul, reconheceu que as raças de gado de corte européias não conseguiam sobreviver em condições satisfatórias no clima tropical/subtropical daquele país. Além disso, a principal raça nativa, Afrikaner, que eles dispunham, apesar de resistente ao calor e boa carne, tinha baixa produtividade. O governo sul-africano, então, lançou o desafio ao jovem zootecnista, na época, Jan Bonsma: criar uma raça de gado de corte que fosse resistente às condições próprias do clima tropical e, ao mesmo tempo, com alta produtividade.

Esse desafio deu início a uma série de cruzamentos do Afrikaner com várias raças européias locais. Os animais resultantes desses cruzamentos foram extensivamente avaliados, para que tivessem resistência ao calor (por exemplo, freqüência respiratória e cardíaca, comprimento e grossura do pêlo, capacidade de andar longas distâncias, quantidade de glândulas sudoríparas, etc.). Todo esse processo de medições e avaliações resultou em um animal 5/8 Afrikaner (Sanga) e 3/16 Hereford e 3/16 Shorthorn (Taurinos Britânicos), o qual tinha excelente “eficiência funcional”.

Nenhum defeito que afetasse a performance e a reprodução dos animais era permitido. Muitas vezes 100 % dos machos de alguns cruzamentos eram descartados, pois tinham algum problema na sua eficiência funcional. É a única raça de gado de corte produzida pela ciência, cuja base é: Fertilidade, musculatura, adaptação, docilidade e excelente qualidade de carne.


Bonsmara no Brasil

A África do Sul esteve até 1994 fechada para o mundo devido ao “Apartheid”. Porém, a partir desse ano o país passou a interagir com o restante do mundo.

Em 1997, o sêmen da raça Bonsmara, proveniente de embriões importados da Argentina, foi usado, no Brasil, num projeto de formação de raças compostas. O resultado foi muito bom e alguns criadores resolveram trazer a raça da África do Sul, pois, acreditaram que ela poderia ajudar a solucionar uma dificuldade da pecuária dos trópicos; ter um touro sem sangue de Zebu que conseguisse trabalhar bem nessas condições de clima e produzisse animais com muita heterose e com carne de altíssima qualidade.

O protocolo sanitário Brasil-África do Sul permite somente o envio de embriões congelados. Portanto, um lote de vacas e touros foi criteriosamente selecionado na África do Sul e os embriões foram coletados e enviados ao Brasil. Em 2000, nasceu a Associação Brasileira dos Criadores de Bonsmara, homologada no Ministério da Agricultura, e já tem criadores nas importantes regiões pecuárias do País.

Todo esse processo de desenvolvimento e manutenção da raça na África do Sul, desde a sua origem, resultou num sistema de produção, denominado posteriormente de “Sistema Bonsmara”. Os criadores brasileiros, pioneiros na importação da raça, primaram por trazer e manter o “Sistema Bonsmara” no Brasil.